A Universidade Estadual Paulista (Unesp) confirmou nesta sexta-feira que o Conselho Universitário da instituição decidiu aprovar a inclusão de metas para estudantes de escolas públicas, afrodescendentes e indígenas em seu vestibular. Com isso, a instituição torna-se a primeira universidade estadual de São Paulo a adotar o modelo de cotas na seleção dos seus alunos. A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) devem tomar uma posição sobre o assunto ainda no primeiro semestre.
A decisão da Unesp foi definida em reunião do conselho na noite de quinta-feira para discutir as propostas do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior (Pimesp), apresentado pelo Conselho de Reitores (Cruesp) das universidades em parceria com o governo estadual. Embora a confirmação da Unesp não cite a palavra “cotas”, o projeto anunciado pelo governador Geraldo Alckmin, em dezembro de 2012, garantia a ideia de reserva de vagas.
Com a decisão da universidade, ao menos 50% das matrículas em cada curso e em cada turno deverão ser ocupadas por alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas publicas. Dentro dessa meta, o percentual de negros, pardos e indígenas deverá ser de no mínimo 35% – valor verificado para a população do Estado no Censo de 2010. A medida já deve valer para o vestibular 2014.
No entanto, a instituição ainda não definiu como será o ingresso desses estudantes cotistas na universidade. “O Conselho Universitário solicitará ao Cruesp informações mais detalhadas sobre uma das estratégias propostas para atingir as metas: o Instituto Comunitário de Ensino Superior (Ices)”, disse a Unesp em nota.
O Ices é a principal proposta do Pimesp para selecionar os alunos cotistas e um dos pontos mais polêmicos do projeto. Inspirado nos “colleges” americanos e em um programa adotado pela Unicamp há dois anos, o instituto quer selecionar alunos cotistas com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Saresp, avaliação feita pela Secretaria de Educação de São Paulo.
Coordenado pela Universidade Virtual (Univesp), o college deve oferecer uma formação geral durante dois anos, com aulas de ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas. A ideia é que ao final das aulas o estudante receba um certificado de curso sequencial de ensino superior, podendo disputar concursos públicos e exercer diferentes profissões. No entanto, o principal objetivo é permitir que esses alunos ingressem nas graduações das universidades de São Paulo, sem precisar passar pelo vestibular.
Segundo a assessoria da universidade, após receber informações mais detalhadas da proposta, o Conselho Universitário vai levar a discussão sobre o college para todas as unidades. Uma decisão sobre a possibilidade de adotar a proposta será tomada num prazo de até dois meses.
‘Telefonema esperado há 10 anos’
A ONG Educafro divulgou nota nesta sexta-feira comemorando a decisão da Unesp de decidir pela reserva de vagas e disse que cogita, no mês de maio, fazer um abraço simólico à reitoria da instituição como forma de agradecimento. A entidade disse que luta há 10 anos pela aprovação das cotas e que na manhã desta terça-feira finalmente recebeu a boa notícia.
“Às 9h50min deste dia 26 de abril de 2013 recebemos um telefonema especial, comunicando à família Educafro que nossas reinvindicações por inclusão na UNESP foram acolhidas”, informou a ONG, que ainda pediu que USP e Unicamp façam o mesmo. “Conclamamos a UNICAMP e a USP para não ficarem atrás – convocarem seus Conselhos Universitários e votarem urgentemente o Plano de Metas com Inclusão! Reconheçam o direito dos negros, pobres e indígenas de ingressarem nas boas universidades públicas estaduais”.
Com informações do Portal Terra